Repleto de cartas que nunca chegarão ao seu destino
Sentimentos que nunca farão sentido
Poemas agridoce, recheados de tristeza em calda
nostálgica...
Sua beleza é trágica e impotente
Feito vento fraco que não conseguiu embalar as nuvens
para o lado de lá
A morte da minha esperança calou o meu riso, mas não
tiveram o menor efeito sobre o poder avassalador do teu olhar...
Procuro encontrar
Eu sei que a beleza é efêmera
Que é o ouro dos tolos
Não importa o quanto a proteja,
Ela vai pegar o bonde do tempo e ir embora
Percorrerá os trilhos das estações e nunca mais irá
voltar
E o que vai ficar?
As lembranças,
Minhas lembranças que, pintaram cada traço teu em óleo
sobre tela.
Eu desço as escadas devagar, os degraus estão frios e escorregadios.
Abaixo da linha do horizonte eu posso te sentir
Olhando o teu retrato, eu te devolvo pra dentro de mim
Dentro de mim, você não passa de uma miragem
Sendo miragem, meu peito desacelera
Desacelerando, sinto um aperto
O aperto me causa falta de ar
A falta de ar inunda meus olhos
Olhos inundados se derramam em lágrimas
E lágrimas derramadas, te levam pra fora de mim
Estando fora de mim, sinto tua falta
Sentindo tua falta, olho novamente o teu retrato
Olhando teu retrato, pra dentro de mim eu te devolvo
Pra começar tudo de novo...
No terceiro ciclo eu paro pra escrever
Escrevo mais uma carta que nunca vou mandar
O meu coração é uma caixa postal abandonada