Até agora, a maior metade atravessei
desta vida flutuante – eis a palavra mágica:
esta "metade", tão repleta de sentido,
pois nos veda provar alegrias além
Estar na metade da vida, para mim é o melhor estado
Quando o andar mais suave me permite ponderar
Um olhar me faz sentir a quintessência da existência
Vivendo tranquilamente entre o interior e a capital
Sendo metade mestre e metade aprendiz
Vivendo entre a nobreza e a plebe feliz
Possuindo um canto só meu, vivendo metade em luxo e metade em “lixo”
Uma sala mobiliada e uma quarto, tanto quanto vazio
Ouvindo música clássica e música urbana
Comendo chau chau, mas também banana
Usar roupas que não são velhas e nem novas,
Ter amigos nem muito sábios e nem muito tolos...
Sinto em meu coração que, assim, sou meio Buda, quase meio espírito taoísta.
Metade do que sou,
quando chegar a hora ao Pai do Céu devolverei
e a outra metade, à minha descendência deixarei,
Meio pensando em tudo o que é devo prover para a posteridade,
e meio preocupado em como responder a Deus, depois que o corpo
afinal repousar.
Porém antes disso eu sei, que melhor é viver a metade
Assim como as flores meio abertas são mais belas.
Como navegam melhor os barcos a meia vela,
e melhor trota o cavalo a meia rédea!
Pois a vida é feita de amargor e doçura,
e é mais sábio e mais hábil
Quem descobre a felicidade
quem da vida, só lhe prova a metade
Izaú Melo
Metade de mim
08:03:00
zangdo