Na
institucionalização da famosa balsa, há claramente o sentimento de deboche e
desrespeito expressado pelo Coronel de Barranco em relação aos 30.888 cruzeirenses
(votantes no outro projeto de governo, abstenções, votos brancos e nulos) que
discordam de seu modelo coronelista de fazer política; e ainda dos 18.840 que
lhe elegeram, mas que em sua maioria não concorda com a maneira desrespeitosa com
que ele tratou seus adversários políticos no período pós-eleição por meio do
circo da Balsa.
O
enredo protagonizado pelo coronel de barranco se passa principalmente nos
cenários rurais e carentes, típicos do coronelismo, no qual ele se coloca,
muitas vezes, como vítima de seu próprio circo criado e interpretado durante
quatro anos e onde a maioria da população, desfavorecida, ainda vive o curral
eleitoral assistencialista, que hoje não utiliza a força bruta como
antigamente, mas mantem o mínimo para conseguir o mínimo.
A
grande parcela da população que acreditou no enredo do 15 faz parte dos setores
menos favorecidos, ou que dependem diretamente de apadrinhamentos e
assistencialismo do regime político estabelecido na capital do Juruá.
Com
todo o circo montado pelo coronel - com a balsa - menosprezou-se a opinião e o
respeito por grande parcela da população, aqueles que representam a fatia de
intelectuais, jovens, críticos, que lutam por mudanças, não esquece dos
desmandos, da ficha suja e não se deixa influenciar pelos favores do circo
montado a pão e apadrinhamento, mas acredita em outros ideais para nossa
cidade.
Vivemos numa democracia e isso precisa, ou deveria
ser respeitado. Se não concordo com um modelo ideológico manipulador - com um
circo - não sou obrigado a ser conivente. Se uma grande parcela da população
não concorda com o modelo aí estabelecido, claro que essa parcela mostra seu
desagrado por meio do voto, e isso merece ser respeitado; era para servir como
crítica construtiva e o prefeito deveria refletir sobre isso para, em outra
oportunidade, tentar acertar o que errou.
Infelizmente
a população tem memória curta e já esqueceu os aumentos do IPTU, os impostos absurdos,
os processos por improbidade, o asfaltamento da fazenda e inúmeros outros casos
típicos do coronelismo.
Agora
já não cabe mais refrescar a memoria. A população tem o governante que merece,
pois o escolheu. Como um menino mal comportado que recebe a devida correção,
assim também é o público que elege seu mau governante, afinal de contas, a pena
é de quatro anos para refletir sobre o mau comportamento. Isso passa rápido.
Por: Ronaldo Camillo