Considerações suicidas sobre o tempo, o fazer e o pensar

O que fazer quando não se tem o que fazer

O que pensar quando não se tem o que pensar

Quando o celular está sem serviço e não há contatos no messenger.

quando o livro que estava lendo ficou no trabalho

e a minha motivação se perdeu no espaço

O que fazer quando meu sentido se resume a isso

e todas as outras coisas do mundo não me interessam

O que pensar num fim de tarde de domingo, chovendo.

sozinho em casa... na companhia de um fim de tarde pedindo para não anoitecer

Lembro de algumas vezes que a falta de tempo me desesperou

E agora o silêncio me mostra como é irônico essa sobra de tempo

Pela primeira vez vejo algo de interessante no movimento do relógio

Sinto falta de muitas coisas... a solidão me devora

Mas não estou triste,

apesar da música melancólica que ouço agora querer me matar.

Penso em como as coisas poderiam ser diferentes

Se o celular estivesse com serviço, se houvesse contatos no messenger

Se tivesse trazido meu livro, se não estivesse chovendo nesse fim de domingo

Mas a essa altura é inútil sofrer

A noite devorará tudo.

E essa página terá um grande alívio por não perder seu espaço tentando descrever sobre

O que fazer quando não se tem o que fazer

Uma flecha de insatisfação saindo de um arco sem sentido

intentando um alvo de sentimentos

Por fraqueza, errou,

Sem sentidos, morreu,

Sem paz, descansou

Bem devagar... bem devagar



P.S.

E a música continuou naquela vitrola velha e sem valor

chorando pelos cantos

O serviço no celular voltou, entraram amigos no messenger

a chuva passou...

E o tempo que sobrava.... faltou,

para evitar a pequena tragédia que será esquecida com o tempo

Pelos que agora terão o que fazer

Por ele não ter tido o que pensar.

Quando a morte sussurrou aos seus ouvidos

Convidando-lhe para dançar

Bem devagar...

Bem devagar...

Izaú Melo