Agora, sentado,
ouvindo apenas a nostalgia impregnada na voz de James Taylor,
parado, eu penso em nós.
Vem vindo do fundo, ao fundo de Don't Let Me Be Lonely Tonight
uma dor, elegante, daquela que desorienta o olhar,
O meu olhar, perdido e ao mesmo tempo sabendo pra onde me levar
Me leva a lembrar da ansiedade do tempo passado
Sinto que quanto mais vazio está o coração, mais pesado ele é
preenchido do nada
o vazio de dois mundos.
Somos dois barcos
que, dividindo a mesma rota, o mesmo mar,
jamais se encontrarão.
Sinto sua falta
Quando juntos, olhávamos o mundo além
Agora, o sol só se põe pra mim
Rasgando papel ao vento
Promessas que eu fiz por nós dois
Percebo que elas só existiram pra mim
Eu tento esquecer
Mesmo quando sem querer
Espero por dias melhores
No vôo, a felicidade
que em vão tenta pouso
O teu roteiro a desviou do meu aeroporto
em minha alma angustiada.
Somos dois
que se movem ao longe,
sem cruzamentos,
nem encontros.
Tontos,
Um dia
procuramos nos dar as mãos
através da escuridão .
Ilusão temerária de sermos um,
quando seremos, eternamente dois.
Pois,
não percebes?
Teu mundo é formado
de outras cores, de outros acordes e pormenores.
Consulto o silêncio, as causas e os motivos,
Que nos tornam e reportam ao impossível
tal fora o relógio da vida,
e vejo nos ponteiros
que não se tocam
nossa própria tentativa
de encontrar sentido um no outro.
Nessa ilusão míope não vemos
que passamos
um pelo outro,
sem nos tocarmos,
como os ponteiros
que marcam a vida,
perdida.
Se pudesse te dizer algo, diria:
Se pudesse te pedir algo, pediria:
Não me deixe ficar sozinho esta noite
Izaú Melo