Feliz aniversário pra mim


A 26 anos atrás, em um 2 de maio como esse,
uma mulher comum em um hospital comum
sentia dores, dores de um parto, que traria ao mundo um menino bem peculiar
um garoto que nunca entendeu porque tinha sido o espermatozoide escolhido
com uma sensibilidade aguçada e meia dúzia de questionamentos estranhos. Nunca teve super heróis, prematuramente trocou os gibis por literatura mundial e desde muito cedo passou a ouvir musica clássica.
Um jovem que se apaixonou pelo ermo, pela solidão, que se deliciava ao ler as grandes tragédias shakespearianas.
O menino cresceu e se tornou um tanto quanto anti social, porque nunca quis usar uma mascara, nunca escondeu os seus gostos estranhos, musica celta, sua paixão por civilizações perdidas, a crença em alienígenas, o encantamento pelo teatro, de achar bonito o suicídio, de preferir livros do que conversar com pessoas, que gostava de ficar trancado no quarto ouvindo musica melancólica e escrevendo sobre os seus amores platônicos.
26 anos depois, hoje, dia 2 de maio, acabo de completar aniversario e permaneço fazendo a mesma coisa, em um quarto, ouvindo musica melancólica, escrevendo sobre a solidão depressiva impregnada em datas comemorativas, a dor de não ser lembrado, de olhar pro celular e ver que nenhum sms chegou, nenhum telefonema...
mas não tenho do que reclamar, tenho um lugar só meu, uma cama confortável, chloe agnew cantando pra mim, um macbook pra escrever essas reclamações pessoais...
Na verdade o que realmente me entristece é olhar pra trás e ver que em 26 anos o que construí foi setenta e poucos textos depressivos, poucos amigos e nenhuma relevância, mas prefiro assim
quero passar pelo mundo de forma sutil, do mesmo jeito simples que vim quero ir
não quero ficar famoso, gostaria que minhas obras se tornassem conhecidas e estudadas após a minha morte.
Não sei quanto tempo tenho daqui pra frente e ou o que a vida me reserva, no entanto com pouco mais de um quarto de século...

Feliz aniversario pra mim, quer seja por ter sobrevivido mais um ano ou por estar 365 dias mais perto da morte...

Izaú Melo