Da capela ao túmulo


Deixai que eu beba do teu néctar
Faças da minha alma pedaço da tua
Esposas-me com as alianças etéreas
Sacrificas-me com teu punhal do amor

A escuridão noturna que do céu foge ao amanhecer
Correu comigo a tua procura pelos quatro cantos
Revelou a ti os mais profundos e obscuros sentimentos
Que herdei das mais misteriosas criaturas...

Esse é o meu tempo
Que voa como os corvos no céu
Expressivas ondas de prazer e dor me dominam
As minhas lágrimas salgaram os teus lábios

Quero muito mais que um beijo
Uma vida inteira junto a tua saliva
Transformei-me em criado do meu amor
Sou servo, escravo dessa flor que sobrevirá ao outono.

Lírios de cemitério
Lampírios que me guiam nessa viagem sem volta
Do leito ao caixão; da capela ao túmulo.
Da vida o cansaço; da morte o acúmulo.

Foram inúmeras noites a tua espera
O quanto dura uma alma para se decompor
Agradeço-te por ser minha prometida
Nesse funesto himeneu apaixonado
Nossas virtudes e defeitos
Conjugam nossas vidas inerentes
Eu amo,
Tu choras,
Ela espera...
Nós morremos.

izaú Melo