Filosofias por Sentidos


Que medo terrível dessa página em branco
Sinto uma vontade desgovernada de escrever
Mas meu raciocínio não consegue entender o que o coração quer dizer

Sou um colecionador de pequenas ilusões,
Ilusões que amadureceram e o fato de não poder colhê-las me deixou assim
Cheio de sensações ruins, de não ter, de não poder, de não ser
e essas sensações adulteraram meu estado físico.
Sinto um arrepio, calor frio, saudades de pessoas que não conheço
A languidez de uma música que ouvi outrora
Quando dancei com a dor, o desprezo e o advérbio de negação...
Se a solidão tem cor é da cor dos meus sentidos...

Difícil de entender, mas quem troca filosofias por sentidos
Ao invés de remar contra passa a sentir...
É minha dor, são minhas lágrimas, é o meu platônico amor
Sinto com os olhos e com os ouvidos
E com o coração rumo ao infinito
Para combater isso, li alguns livros
Mas quanto mais me sinto inteligente
Mais sinto-me vazio.
E percebo que no final das contas sou uma erva daninha no seu jardim
Enquanto poderia ser uma bela orquídea em outro
No entanto se for pra ser em outro contemplado
Prefiro esperar que do teu, ao fogo seja lançado

...

(uma pausa para uma última ilusão)

Pensar nos teus cabelos é vê-los e cheirá-los
E olhar para os teus lábios é sentir o sabor, saber o sentido da palavra amor ainda que sobrecarregada de dor.
e o teu riso é um pedaço do céu que caiu no mar
E a droga desse teu vestido é a cortina mais grossa que esconde o meu maior espetáculo
Dou minha vida por um intervalo
Uma pausa nessa dor, nessa impossibilidade, na falta de reciprocidade
Um intervalo exato para o não fazer sentido...
....e sem razão e raciocínio você esqueça-se de si mesma e pelo menos uma vez me faça feliz
...

Olha aquela folha!!!*

(volto para o meu mundo, que não é o seu)

Por isso, em outro cair de tarde complexo e pervertido,
Sentir-me triste de não conseguir conter a noite
deitarei meu espírito no vale escuro do abismo,
Sentirei um aperto terrível no peito e os olhos quentes,
e as lágrimas ardentes afogarão as esperanças que me fizeram escrever essas malditas palavras,
Saberei a verdade e compreenderei por fim que provavelmente fadado estarei ao infeliz.

A chuva vai passar...

Mas as novas sementes irão brotar
E tudo voltará ao início e será tudo como sempre foi
Filosofias por sentidos.
A sensibilidade e a convicção de não ter pelo quê esperar

*Não tinha nada a ver com o texto, assim como eu, era só uma folha...

Izaú Melo