Escrevo-lhe hoje por uma necessidade sentimental - uma ânsia aflita de falar contigo. Como de aqui se depreende, eu nada tenho a dizer-lhe. Só isto - que estou hoje no fundo de uma depressão sem fundo. O absurdo da frase falará por mim.
Estou num daqueles dias em que nunca tive futuro. Há só um presente imóvel com um muro de angústia em torno de mim. A margem de lá do rio nunca, enquanto é a de lá, é a de cá; e é esta a razão íntima de todo o meu sofrimento. Há barcos para muitos portos, mas nenhum para a vida não doer, nem há desembarque onde se esqueça. Queria estar do teu lado, mas os ventos da vida me afastam de ti. Tudo isto aconteceu há pouco tempo, mas a minha mágoa é mais antiga.
Em dias da alma como hoje eu sinto bem, em toda a minha consciência do meu corpo, que sou a criança triste em quem a vida bateu. Puseram-me a um canto de onde se ouve brincar. Sinto nas mãos a liberdade que me destes por uma ironia de lata. Hoje, dia dezesseis de agosto, às três e meia da madrugada, a minha vida sabe a valer isto. Bem menos que o nada.
Pouco mais ou menos isto, mas sem estilo, é o meu estado de alma, neste momento. Como à vela do "Marinheiro" ardem-me os olhos, de ter pensado em chorar. Dói-me a vida aos poucos, tomá-la aos goles, viver de brechas. Tudo isto está impresso em tipo muito pequeno num livro com a brochura sem sentido, quer ler? O faça num espelho.
Como sou EU quem escreve, preciso jurar que esta carta é sincera e que tudo que há nela são sentimentos verdadeiros, afinal jura-se apenas para quem duvida. Mas você sentirá bem que esta tragédia irrepresentável é de uma realidade de chá em xícara, de aqui e de agora, e passando-se na minha alma como o verde nas folhas e o azul do céu.
Foi por isto que o Rei não reinou. Esta frase é inteiramente absurda. Mas neste momento sinto que as frases absurdas dão uma grande vontade de chorar.
Te amo! Se não acreditas! Tentes ao menos imaginar!
Estou num daqueles dias em que nunca tive futuro. Há só um presente imóvel com um muro de angústia em torno de mim. A margem de lá do rio nunca, enquanto é a de lá, é a de cá; e é esta a razão íntima de todo o meu sofrimento. Há barcos para muitos portos, mas nenhum para a vida não doer, nem há desembarque onde se esqueça. Queria estar do teu lado, mas os ventos da vida me afastam de ti. Tudo isto aconteceu há pouco tempo, mas a minha mágoa é mais antiga.
Em dias da alma como hoje eu sinto bem, em toda a minha consciência do meu corpo, que sou a criança triste em quem a vida bateu. Puseram-me a um canto de onde se ouve brincar. Sinto nas mãos a liberdade que me destes por uma ironia de lata. Hoje, dia dezesseis de agosto, às três e meia da madrugada, a minha vida sabe a valer isto. Bem menos que o nada.
Pouco mais ou menos isto, mas sem estilo, é o meu estado de alma, neste momento. Como à vela do "Marinheiro" ardem-me os olhos, de ter pensado em chorar. Dói-me a vida aos poucos, tomá-la aos goles, viver de brechas. Tudo isto está impresso em tipo muito pequeno num livro com a brochura sem sentido, quer ler? O faça num espelho.
Como sou EU quem escreve, preciso jurar que esta carta é sincera e que tudo que há nela são sentimentos verdadeiros, afinal jura-se apenas para quem duvida. Mas você sentirá bem que esta tragédia irrepresentável é de uma realidade de chá em xícara, de aqui e de agora, e passando-se na minha alma como o verde nas folhas e o azul do céu.
Foi por isto que o Rei não reinou. Esta frase é inteiramente absurda. Mas neste momento sinto que as frases absurdas dão uma grande vontade de chorar.
Te amo! Se não acreditas! Tentes ao menos imaginar!