“Pro inferno com suas malditas poesias”, foi a última coisa que ouvi da sua boca.
Sem nenhuma censura ou cortes, amaldiçoei minha sorte.
Eram apenas palavras, eram apenas sons emitidos.
No entanto, palavras mais afiadas que uma faca no pulso.
Mais sufocantes que uma corda no pescoço.
Mais mortais que um cano frio na boca... um disparo.
Você fez nascer minha morte.
E eu que tanto falei das flores
da essência e do perfume das rosas
conheci só espinhos venenosos e dores catastróficas
do otimismo restou-me apenas o sorriso fraco e desanimado
Poderia ter atirado meu script no fogo
porém minhas idéias não morrem com o ardor ígneo.
Só preciso juntar os pedaços do que foi estilhaçado.
Sonhos apodrecidos e esperanças asfixiadas.
Ainda guardo as suas promessas
Como quem guarda uma cédula de 500 cruzeiros
Certo da ausência do seu valor, vivendo das glórias de um passado.
Tão preso a uma existência surreal que meu eu desistiu de mim.
O corpo despedaçado pelo silêncio abandonou o espelho.
Nele, apenas fica a alma negra no seu grito de desespero.
A decadência do mundo silencia-me os sentidos...
Voltarei ao embrião, voltará a criança derrotada, que não conseguiu mais que chorar suas mágoas.
Vagarei errante por essas linhas que ainda me faltam.
Minhas idéias... a ausência de um sentido me torna insuficiente.
Minha morte já está madura.
Se eu cair e morrer leve-me para junto de você
Agora exânime, sem queixas, sem egoísmos.
Aceito dividir-te com os outros.
Tenho ainda poucas horas antes da minha putrefação.
Cuide bem do que sobrou do meu coração.
Enterre minha alma no espaço metafísico da tua mente.
Esse é o triste fim do último exemplar da minha fugaz espécie
Revele agora meus segredos, fale dos meus aspiros e anseios.
Conte a todos como eu chorava por tão pouco,
Isso ofenderá apenas a auto-estima que esteve ausente desde o gênesis.
Mas não diga nunca que meu amor foi efêmero.
Restam-me agora, apenas poucas palavras, volto a ser semente. Um mísero botão.
Futuramente... apenas mais uma rosa sem chances de sobreviver no seu jardim desfigurado.
Izau Melo
11/06
Genocídio Intelectual
15:36:00
Textos e Textículos