É a felicidade que me incomoda
Essa ausência de saudade não é saudável
É inverno e tem sol
Onde tinha um corvo, canta um rouxinol
Em que curva eu esqueci você?
Seus retratos não me dizem mais nada
E o seu perfume se confunde com o aroma das flores que eu
não cultivo
Tomo um tinto, fumo um charuto
E a quietude me deixa inquieto
Te esquecer deveria ser o antidoto
Mas sem nada sentir também não faz sentido
Pensando em nada é que eu entendo tudo
Quando me pus no seu lugar pra te compreender
Quando fiz absurdos para tentar te surpreender
Quando mudei meus planos para me adaptar aos seus
Quando vivi seus dias sem pensar nos meus
Quando inventei mil desculpas para poder te ver
Quando te enchi de indiretas para você não me esquecer
Quando tomei chuva só para te abraçar
Quando quis morrer te vendo discretamente chorar
Quando percebi que o “nós,” não poderia ser
Me escondi para não me veres sofrer
Hoje a ausência de tudo isso me deixa intranquilo
Cansado de carregar o peso de me sentir vazio
E na tentativa de ser livre
me prendi a liberdade de viver sem você
Triste ou feliz, minha solidão é a mesma,