Da Chuva a Praia

Não me pergunte os motivos pelos quais não tenho escrito
Não me questione pela minha desaceleração poética
Mas é que as vezes eu abro a minha janela
E deixo o meu olhar emoldurado entre as aduelas
Com a cara pra fora do meu mundo quase perfeito
Descubro que a vida não merece a minha sanidade

Ontem a noite eu entrei em erupção
E a melhor parte de mim desceu em gotas quentes e salgadas
O mar desaguou em mim
Quando o choque da realidade levou a esperança e deixou a saudade
Comprei dúzias de dúvidas com as poucas moedas de certeza que ainda tinha
Das minhas fúteis economias

Eu entendo que algumas coisas eu nunca terei
Que meus atributos não podem comprar uma porcelana chinesa
Que parte do que ainda me motiva eu mesmo as inventei
A única coisa que de fato tenho é essa tua foto que não cansa de sorrir
E um jardim de desinteresses por qualquer coisa que não remeta a tua voz
Talvez não seja só as minhas palavras que não façam sentido
Amar você também não faz, mas nem por isso eu vou parar

Hoje, eu só queria algumas respostas
Queria saber por que chove tanto lá fora e aqui dentro de mim
Queria saber por que as suas pegadas não marcam a areia da minha praia
Queria saber por que a saudade é maior pra mim
Queria saber por que a vida me prega peças assim
Também queria saber por que eu me doou mais a quem me dá menos
E por que as promessas mais difíceis de cumprir são as que faço para mim mesmo
Queria saber de tantas coisas, porém mais que respostas
Eu queria que as minhas dúvidas fossem caladas por um beijo teu
E que minha saudade parasse de me dizer para onde ela quer me levar...

Izaú Melo