A institucionalização da balsa - O pão e o circo de Vagner Sales

No episódio da balsa protagonizado pelo próprio prefeito, Vagner Sales mostra o melhor de sua política: Pão e Circo para a alegria da multidão. 

Começou mal. Para quem disse em seu discurso de vitória que iria ser o prefeito não apenas daqueles que o elegeram, mas de todos os cruzeirenses, Vagner Sales mais uma vez mostrou do que realmente é feito: pura arrogância e prepotência.

A “Balsa” é uma tradição bonita e divertida. Faz parte do nosso folclore de manifestações populares e de nossa história. Mas ao “institucionalizar” a “balsa”, Vagner Sales lança um “mau presságio” sobre Cruzeiro do Sul: a de que não poderemos esperar por respeito aos ideais democráticos nestes quatro anos vindouros e que o que deverá predominar será o seu espírito rancoroso e perseguidor.

A democracia que Vagner diz defender é tão somente uma balela para justificar sua falta de ideias. Não passa de um farrapo de uma “bandeira” cuja única serventia é esconder a sua maior vergonha: a sua incapacidade de administrar Cruzeiro do Sul como uma cidade e não como um apinhado de seringais e ramais que precisam de seus favores para sobreviver. Vagner perdeu em um conjunto importante do eleitorado. E perdeu feio. Talvez por isso, em muitas ruas do centro, o sentimento fosse de luto, e não de vitória.

Entre pequenos e médios empresários, trabalhadores autônomos, empregados com carteira assinada e estudantes, Henrique obteve aproximadamente 75% dos votos. Com sua pantomima, Vagner despreza os setores mais capazes de promover o desenvolvimento da cidade.

Dois mil e duzentos votos suados o separaram da “balsa” lançada por ele da mesma ponte que anos antes cometeu a bravata de dizer que “se ficasse pronta desfilaria de saia”. Mais uma promessa não cumprida que entrará para a história, assim como o ramal que prometeu “asfaltar com gala”.

Muito pouco para quem há um ano menosprezava seus adversários dizendo que iria colocar o seu motorista, o “Pimpolho” para concorrer.

Por esta razão dá para entender o sentimento de desforra de Vagner. Sente-se aliviado por conseguir uma reeleição “ralada”. Não fosse a ação desastrosa de setores fisiológicos e por que não dizer “patológicos” da FPA, e a balsa seria outra.

Vamos aos números: os dezoito mil votos de Vagner lhe garantem a legitimidade para governar Cruzeiro do Sul, mas está muito longe de ser a unanimidade anunciada pelo seu bem-pago colunista da capital.

Os mais de dezesseis mil votos obtidos por Henrique Afonso e as outras mais de onze mil abstenções representam mais da metade do eleitorado que por razões diversas, não referendou o mandatário. É em cima da cidadania destes vinte e sete mil eleitores que Vagner tripudia ao trocar o papel de representante do município pelo de bufão de sua própria corte.

Esperava mais de Vagner. Em muitos momentos da campanha demonstrou grandeza por saber aceitar críticas, uma qualidade esquecida por muitos dos que hoje se encontram em seu campo adversário.

No entanto, passado o susto, Vagner revela agora sua verdadeira natureza, mostrando que o papel de vítima não passou de um bem ensaiado jogo de cena e volta agora a interpretar o seu papel preferido: a do coronel de barranco que trata servidores, cidadãos e eleitores como peões de sua fazenda.

É uma questão de tempo para que muitos dos que hoje comemoram ao seu lado a sua vitória, lamentem não ter embarcado naquela “linda balsa laranja”.