Observo os segundos... minutos... horas
Que formam esse dia monótono e melancólico
Desperdiço e perco essas horas
De uma forma inexplicável e banal
Vagando sozinho em algum lugar da cidade
Ou entre quatro paredes de um quarto frio
Esperando que algo ou alguém
Venha e me traga a felicidade em pequenas doses.
Em palavras escritas ou proferidas
Estou cansado de ficar em casa observando a chuva
Ou contando os tijolos desse muro infinito
Dizem que sou jovem e tenho a vida inteira pela frente
No entanto percebo que vinte anos ficaram para traz
Não sou mais inocente... nunca fui criança
Não me disseram que precisava ter dinheiro
Para conseguir o que o meu coração deseja
Deram-me a chave da felicidade
Mas, onde está a porta?!
Bem longe daqui... provavelmente
Há tempos corro tentando alcançar a carruagem de Apolo
Mas ela vai se perdendo no horizonte
E quando sento para descansar a noite
Lá vem ela outra vez
Nascendo ao norte da minha bússola sem ponteiros
O céu e relativamente o mesmo
O sol cada dia mais vívido e forte
E eu mais cansado e serenado
Um dia mais próximo do fim ou da felicidade
Sendo que a morte é inevitável
E a felicidade não depende de mim
Tenho planos mas, não tenho esperança de concretizá-los
Aprendi que quem não espera jamais se decepciona
Escrevo para eternizar o que sinto
Escrevo para não ver o tempo passar
Mato o tempo para ele não me matar
Já que nessa cena real de ação
A bala não é de festim, o alvo fácil é o coração
Forças para sentir felicidade... não tenho mais
Tento não acreditar
Que o dinheiro seja a essência da felicidade
Já que minhas moedas
Só compram meia dúzia de saudades
Mas tudo isso não deve ficar assim... sem sentido
Imagine uma árvore a perder suas folhas para o vento
Um dia começou, um dia acabará
Difícil de entender
Mas, é só uma árvore a perder suas folhas para o vento
Uma a uma... e quando a última se for
Irei também eu com ela
Estou plantando arduamente no presente
Não sei se estarei para a colheita no futuro.
Izau Melo
Folhas ao Vento
07:12:00
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