I - Inverno

Da minha parte eu voava
mas como sempre, continuo me orientando pelo calendário das flores
devorando invernos
fazendo preces para que os pássaros me levem antes da neve voltar
da Minha parte eu voava,
Cansei de ficar aqui escrevendo para os gatos que não aprenderam a ler mas declamam os meus poemas para a lua
***
Tudo aqui dentro tá tão diferente
não sobrou nada depois que a primeira nevasca passou
e os estilhaços e fragmentos que ficaram
de dar cabo, a indiferença se encarregou
partiu agora pouco, levou minha bicicleta
em sua bagagem os últimos sonhos vencidos que eu quis guardar
Quebrou as vidraças e se foi em fuga rápida
vai-te em paz e não voltes nunca mais!

...mas eu ainda estou aqui
sem ter pra onde ir,
com o meu olhar vago de dezoito horas
colocando bolinhos de chuva na boca da noite
despejando os torrões adocicados do tédio que escorrem da minha mão
para dentro da xícara de chá de sumiço, que sirvo
para quem me colocou de enfeite na sua estante
do que sofri agora, não quero doravante
guarde a sua piedade para usar mais tarde
para outros personagens que ainda irás interpretar
abra as mãos e feche os olhos porque eu quero voar...
....te encontrei assim, do jeito que só acontece quando não se procura
Eu precisava me perder pra poder te encontrar
Se nada mais me prende ao passado
usarei meu futuro parar ganhar um terreno no teu abraço
Não tenho carisma e nem qualidades para vencer leilões
e as minhas metáforas não compram um beijo teu
Mas no meu tabuleiro um peão já dobrou uma rainha
e se for preciso eu me suicido
largo esse corpo que não é mais que o sarcófago da minha alma e maestro das minhas limitações
pra que as paredes ou a distancia, já não sejam empecilhos para estar contigo...
...Já não anseio pelo teu corpo
mas adoraria me relacionar com o teu intelecto
ontem a noite eu sonhei com as paisagens,
sabendo onde estavas, comprei as passagens
e embarcaria ainda hoje pra lá
fazer morada nos bairros periféricos do teu coração
preciso morar no teu íntimo
e se te amarga me tomar em gotas
me tome em comprimido
pra quando o inverno chegar
eu já tenha partido
e sobreviva fazendo do teu riso
o meu melhor abrigo
da minha parte eu iria
pra passear contigo, no fim do dia.
não sobrou nada depois que a primeira nevasca passou
e os estilhaços e fragmentos que ficaram
de dar cabo, a indiferença se encarregou
partiu agora pouco, levou minha bicicleta
em sua bagagem os últimos sonhos vencidos que eu quis guardar
Quebrou as vidraças e se foi em fuga rápida
vai-te em paz e não voltes nunca mais!
II - Adágio

sem ter pra onde ir,
com o meu olhar vago de dezoito horas
colocando bolinhos de chuva na boca da noite
despejando os torrões adocicados do tédio que escorrem da minha mão
para dentro da xícara de chá de sumiço, que sirvo
para quem me colocou de enfeite na sua estante
do que sofri agora, não quero doravante
guarde a sua piedade para usar mais tarde
para outros personagens que ainda irás interpretar
abra as mãos e feche os olhos porque eu quero voar...
III - Allegro

Eu precisava me perder pra poder te encontrar
Se nada mais me prende ao passado
usarei meu futuro parar ganhar um terreno no teu abraço
Não tenho carisma e nem qualidades para vencer leilões
e as minhas metáforas não compram um beijo teu
Mas no meu tabuleiro um peão já dobrou uma rainha
e se for preciso eu me suicido
largo esse corpo que não é mais que o sarcófago da minha alma e maestro das minhas limitações
pra que as paredes ou a distancia, já não sejam empecilhos para estar contigo...
IV - Desejo

mas adoraria me relacionar com o teu intelecto
ontem a noite eu sonhei com as paisagens,
sabendo onde estavas, comprei as passagens
e embarcaria ainda hoje pra lá
fazer morada nos bairros periféricos do teu coração
preciso morar no teu íntimo
e se te amarga me tomar em gotas
me tome em comprimido
pra quando o inverno chegar
eu já tenha partido
e sobreviva fazendo do teu riso
o meu melhor abrigo
da minha parte eu iria
pra passear contigo, no fim do dia.
Izaú Melo
"...E nossa história não estará pelo avesso assim sem final feliz... teremos coisas bonitas pra contar, e até lá vamos viver"
Renato Russo