A primavera está chegando
As novas asas estão nascendo
Lamento por saber que um dia quis morrer
A corda na velha árvore já não faz mais sentido
O prozac deixou a gaveta pra habitar no lixo
Hoje as coisas começam a se acertar
Estou sentindo a vida, o sangue correr
Meus cinco sentidos, me avisam que vivo..
Fazem-me entender que esse fim é o início
Um novo capítulo
Entender que essa solidão é na verdade
A liberdade que me bate a porta
Quantas foram as lágrimas,
As noites viúvas, um prato só na mesa.
Quantos foram os dias em que conversei com o silêncio
Quantas vezes o silêncio quem me disse:
A vida prossegue e a morte pode esperar
Se souber valorizar, seu amor, seu rio, seu ar.
Tanto tempo apoiando, sustentando...
Quanto tempo sendo casulo, protegendo uma simples larva
Hoje uma borboleta maravilhosa, independente.
E ela nem lembra em que árvore me deixou.
Apesar de tudo não guardo ressentimentos
Não fui feito pra isso
É ela, sou eu...
Quem sabe nossas vidas possam novamente se encontrar
No entanto, nostalgia já não há.
Volta o rei vencido pro seu lado do tabuleiro,
Baixem as cortinas que o público não veio.
Volto para o meu confim.
Apesar de tudo ainda estou aqui.
Ouvindo o mesmo cântico Céltico e tomando o mesmo vinho.
Dançando a lá trova de Danú com as fadas de Thuata de Danann.
A lenha é velha, porém o fogo é novo.
Mudaram-se os personagens, todavia a história de amor não terminou.
Ontem protagonista, hoje figurante.
Doeu, não doerá doravante.
Ainda sonho com o meu paraíso,
Uma pequena estalagem, o mar
Alguém para amar
E também amado ser
Alguém pra trocar carícias
E gostar da companhia
Com um bom vinho pra beber
Fiz o que tinha de ser feito
A obra está completa
Parto agora na direção das nuvens, das águas, do silêncio.
Você fica... eu vou...
De encontro ao meu clã
Passarei em Caledônia, e Tintagel
Todavia Avalon é o meu lar.
A dama do lago há de me preparar lugar.
Izaú Melo
11/07
Silente e distante.
10:46:00
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