A vida como ela é - Relatos reais de uma vida fictícia

Esta noite o frio é mais severo comigo do que com qualquer outro ser
isso porque o sinto duas vezes
pela sensação térmica e pela sensação de perca
um frio que vem de dentro pra fora
a velha sensação de quem sobra
Estou cansado de ser a saída alternativa
cansei de ser a segunda opção
de ter sempre alguém antes de mim
cansei da farsa de parecer ser o titular
por conveniência ou por insistência
cansei de ser o certo, o apropriado, a melhor opção mas, de não ser o amado
não te culpo pelo meu fracasso
reconheço todo os esforços feitos por ti
você quis esse relacionamento tanto quanto eu
mas algumas coisas simplesmente não devem ser
a culpa é minha, a teimosia também...
estou sofrendo as minhas derrotas particulares
toda a autoestima que tinha desmoronou quando li sua mensagem pessoal no msn “Vazia”
e quando falaste que eu só entenderia o que se você estava sentindo se você morresse
pela primeira vez eu compreendi toda a seriedade e o peso dessas palavras
a dor nos deixa mais honesto, como nunca se pode ser
e a sua honestidade acabou comigo
perdi o sentido
é tao mais fácil lidar com as mentiras
mentiras são drogas alucinógenas, anestésicas
e hoje, sem elas, eu sofro no meu processo de desintoxicação
mas essa também vai passar...
assim como resisti a primeira grande tempestade, essa nova, tragicamente também acabou, me pergunto quantas outras tempestades virão
quantas pessoas chegarão na sua vida e me deixaram novamente em segundo plano
não é isso que quero pra mim, como sei que não é isso que queres pra ti
por mais que não acredite, está noite, sofro tanto quanto você
obviamente por motivos diferentes, mas a tragédia é de igual proporção pra ambos
não é que eu esteja te perdendo pra sempre como aconteceu contigo
mas me mata o fato de que, talvez, você nunca tenha sido totalmente minha.
Deitado agora, sozinho na cama que sempre dormimos juntos, embaixo da sua coberta, cercado pelas quatro paredes que foram testemunhas dos melhores momentos da minha vida, sob um silêncio que chega a doer os ouvidos, pergunto a mim mesmo, por onde o seu coração andava sempre que estivemos juntos... aqui...
Ainda te amo, não sei até quando, não sei por quais motivos
e assim como você, eu também vou precisar de um tempo
para por as coisas no lugar
e reencontrar o sentido que se perdeu
e manter vivo dentro de mim, aquilo que ainda não morreu...

Izaú Melo

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